quinta-feira, março 09, 2006

Considerações acerca da consideração.

Tenho que dizer que fiquei especialmente desiludido com o que vi acontecer hoje. Mais uma vez a classe política me desiludiu. Ok, è na boa, eles fazem isso a toda a gente e toda a hora, dizeis vós. Sim, mas neste caso foi pior, porque não foram nem os corruptos do PS nem os mãozinhas do PSD nem os irritantes CDS que me desiludiram, esses já eu estou acostumado. O que aconteceu hoje que me deixou pasmado foi, depois do discurso de tomada de posse de um Presidente da República, duas bancadas políticas ficaram silenciosas, meditando no seu azedume, enquanto o resto da assembleia aplaudia.

Compreendo que o cidadão Cavaco Silva seja uma personagem fácil de odiar: alto, magro e com cara de coveiro, sempre a falar de coisas chatas. Mas lá no púlpitozito da assembleia não era o cidadão Cavaco Silva que discursava, discursava o chefe de estado, um homem que recebeu o voto de metade dos portugueses. Se o discurso não era a seu gosto comentassem o que acharam bem e mal no fim (aliás como todos fizeram) mas depois de prestar respeitos ao seu novo "chefe". Afinal os deputados fazem parte do *estado* antes de fazerem parte dos partidos políticos, numa república representativa os partidos não competem com o estado.
O Bloco de Esquerda, o Partido Comunista, e Os Verdes portaram-se mal, já è suficientemente mau quando nas sessões ordinárias apenas se aplaude as intervenções do próprio partido, como mulas de visão estreita, politicozitos de um paiszito de larápios. Até compreendo a atitude dessas duas bancadas, (da mesma forma que Freitas do Amaral compreende multidões enfurecidas que queimam edifícios), os seus líderes de partidários, noutro acto vergonhoso, concorreram às presidenciais e apesar de à partida saberem que nunca ganhariam, mesmo assim ficaram com mau perder. Mas não falemos de mau perder, senão eu tinha que falar do senhor Soares que compareceu à tomada de posse e se retirou como um criminoso, de cabeça baixa sem cumprimentar o novo Presidente.

È na derrota que melhor sobressai a nobreza. E Manuel Alegre mostrou nobreza onde Louçã e Jerónimo mostraram vilaneza, arrependi-me de não ter votado nele. Daqui a cinco anos vou ter que reparar o erro.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

António Alegre ou Manuel Alegre ;)

É um homem de nobreza de gestos!! Demonstrou-o mais uma vez!!
Não fosse ele um dos cantadores maiores da poesia lusa!!

Pois é... há q acordar para certos "políticos" do país!!

Cada vez mais sou "não política"...

sexta-feira, 10 março, 2006  
Blogger JG said...

Oops, eu e os nomes! Obrigado pela correcção Y_Lune, vou alterar já.

sexta-feira, 10 março, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Ah... o novo PR! Só de pensar nisso já me dá um aperto no coração... e no cinto!

Quanto aos aplausos, bom, quando não gosto de uma peça de teatro, de um concerto, de um recital também não aplaudo, porque haveriam os deputados da oposição de aplaudir um discurso que lhes soa por certo tão mal? PR ou não o homem é indigesto e eu também não aplaudiria.

É certo que se tratava de uma tomada de posse, coisa oficial, etc., e que se calhar só por isso se deviam ter batido umas palmas de circunstância para fingir que tudo vai bem aqui no jardim à beira-mar, mas francamente para quê a hipocrisia? A oposição não gosta, a oposição não aplaudiu e, cá por mim, já é sorte para o senhor não ter sido vaiado. Mas não perde pela demora, lá chegará (de novo) o tempo.

domingo, 19 março, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Este Pais só andou direito qd Cavaco era PM.
PR não é sinónimo de governante mas neste caso.....O mais importante é que se entendam as comadres.

terça-feira, 21 março, 2006  

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