terça-feira, outubro 10, 2006

Paciência chinesa.

Qual peça de mahjong infernal, a Coreia do Norte decidiu complicar o jogo a toda a gente. Agora cabe aos chineses lidar com a situação.

A china è o terceiro dador mundial de comida devido às 570.000 toneladas enviadas para a Coreia do Norte por ano, a Coreia do Sul envia mais outras 400.000 toneladas de ajuda alimentar apesar de tecnicamente ainda estar em guerra com a Coreia do Norte.
Aqui temos um país com vinte milhões de habitantes, que recebe um milhão de toneladas de comida de ajuda externa, cinquenta quilos de comida por habitante por ano, que mantém um exército de um milhão de pessoas com um orçamento de cinco mil milhões de dolares, 29% do produto interno bruto. Comparativamente Portugal tem um exército de cinquenta mil pessoas, que custa dois mil e quinhentos milhões de dólares, 2,6% do PIB e não recebe comida grátis de lado nenhum.

Comparativamente também: Existiam até agora sete ou oito paises com capacidades nucleares. Estados unidos e Rússia dois bons amigos que gastam respectivamente em "defesa" 518 mil milhões (!!)e 200 mil milhões de dólares, França e Reino Unido que apesar de serem aliados todo o século passado não podem deixar que o vizinho tenha armas nucleares sem que eles tenham também (45 e 42 mil milhões), Índia e Paquistão que fraternalmente gastam 19*10^9 $ e 4*10^9 $. Sobra a china que não tem par, apesar de fazer fronteira com 3 outras potências nucleares, mas gasta 81 milhares de milhões de dólares por ano. Israel não sabe porque è que está nesta lista, visto que nega possuir armas nucleares.

Ok, o que impede a comunidade internacional de acabar com as pretensões nucleares da Coreia do Norte?
Bastava à china e Coreia do sul acabar coma ajuda alimentar e económica para efectivamente arrasar a Coreia do Norte. O problema è "O que fazer depois?" nem a liderança da China nem do Japão nem a da Coreia do sul sofrem do deficit de inteligência da administração Bush. Sabem que apesar de ser fácil destruir o regime Norte-Coreano quer militarmente quer através de simples boicotes às ajudas, vinte milhões de pessoas famintas, das quais um milhão são militares, podem causar muitos problemas. Qualquer instabilidade na península coreana traria mais prejuízo que aquilo que aquelas três potências económicas estão preparadas para pagar. E certamente muitissimo mais do que o custo de um reles milhão de toneladas de arroz. Enquanto a equação se mantiver assim o regime de Piongyang pode continuar à vontade.

Qual è a graça de ser um ditador oriental se não se pode andar na corda bamba?

3 Comments:

Blogger antimater said...

O que é estranho é como puderam chegar até aqui!...

quarta-feira, 11 outubro, 2006  
Blogger Sofia E. said...

Hoje em dia toda a gente brinca ao nuclear, as chamadas grandes potências são na verdade impotentes e os líderes tanto da Coreia do Norte como do Irão aproveitam a situação actual para se fazerem de fortes perante o seu próprio povo, sabendo que dificilmente sofrerão represálias vindas do exterior.
No fundo, tantas vezes os EUA e a ONU gritaram lobo que agora ninguém os leva realmente a sério... veja-se o lindo serviço não só no Iraque mas também no Afeganistão.

segunda-feira, 16 outubro, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Um pais que vive para construir um exercito, é certamente um pais a temer, pela loucura da atitude. O facto de ter tantos milhões no limiar da fome e dependentes de ajuda internacional, tem sempre o perigo do êxodo para paises vizinhos. Mas não seria esta uma forma do povo acordar e fazer um golpe de estado?

segunda-feira, 16 outubro, 2006  

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