quinta-feira, outubro 19, 2006

We (will) have death star!

Enquanto toda a gente está preocupada com o Irão e Coreia do Norte poderem adquirir tecnologia militar dos anos 40 os estados unidos mudam a sua política espacial.

Da leitura do texto tornado público só posso dizer que não foi escrito com o uso de eufemismos em mente. Certos excertos podem, tirados de contexto ou não, levar a interpretações alarmantes.


Nem è preciso ler muito para chegar a:
”The United States is committed to the exploration and use of outer space by all nations for peaceful purposes, and for the benefit of all humanity. Consistent with this principle, “peaceful purposes” allow U.S. defence and intelligence-related activities in pursuit of national interests;”
Quase que podemos adivinhar que “bombardeamento orbital de bases da al-Qaeda” se insere em “ fins pacíficos”. Tal como há um par de anos se soube que as escutas a interesses económicos europeus era um “fim pacífico”.

Mais à frente vem:
“Where space nuclear power systems safely enable or significantly enhance space exploration or operational capabilities, the United States shall develop and use these systems. The use of space nuclear power systems shall be consistent with U.S. national and homeland security, and foreign policy interests, and take into account the potential risks.“
De repente podemos ficar com reactores nucleares a pairar sobre as nossas cabeças… e quem diz reactores… Imagino dentro de alguns anos quando o Irão oficializar os dois mísseis nucleares apontados a interesses americanos no Médio Oriente os Estados Unidos a oficializarem as duas bombas de hidrogénio colocadas em orbita geostacionária sobre Teerão… e Paris… e Berlim… e Pequim… Mas eu tenho uma imaginação muito fértil.

Ou talvez não tenha, porque depois de se ler:
"The United States considers space systems to have the rights of passage through and operations in space without interference. Consistent with this principle, the United States will view purposeful interference with its space systems as an infringement on its rights;"
pode-se ler:
"(...)dissuade or deter others from either impeding those rights or developing capabilities intended to do so; take those actions necessary to protect its space capabilities; respond to interference; and deny, if necessary, adversaries the use of space capabilities hostile to U.S. national interests;"
E quem è capaz de tamanha dualidade de princípios è capaz de qualquer coisa.

Se o excerto acerca do nuclear no espaço não matou o coração a todos os ambientalistas que pudessem estar a ler este texto então o próximo de certeza que mata:
“Departments and agencies shall continue to follow the United States Government Orbital Debris Mitigation Standard Practices, consistent with mission requirements and cost effectiveness, in the procurement and operation of spacecraft, launch services, and the operation of tests and experiments in space;”
Que è como quem diz “Se não ficar muito caro e não precisar de muita inteligência para executar, vamos tentar não fazer lixo no espaço” E isto vindo de uma sociedade para quem o descartável è em direito inalienável do ser humano, ao contrário da protecção contra a tortura.

E depois como è que pode ser possivel não fazer textos antiamericanos?

Vamos lá tentar de novo, camarada.

Estima-se que a Coreia do norte tenha combustivel para fazer menos de meia-duzia de bombas, cá por mim se os deixarem continuar com os testes a situação fica resolvida.

terça-feira, outubro 10, 2006

Paciência chinesa.

Qual peça de mahjong infernal, a Coreia do Norte decidiu complicar o jogo a toda a gente. Agora cabe aos chineses lidar com a situação.

A china è o terceiro dador mundial de comida devido às 570.000 toneladas enviadas para a Coreia do Norte por ano, a Coreia do Sul envia mais outras 400.000 toneladas de ajuda alimentar apesar de tecnicamente ainda estar em guerra com a Coreia do Norte.
Aqui temos um país com vinte milhões de habitantes, que recebe um milhão de toneladas de comida de ajuda externa, cinquenta quilos de comida por habitante por ano, que mantém um exército de um milhão de pessoas com um orçamento de cinco mil milhões de dolares, 29% do produto interno bruto. Comparativamente Portugal tem um exército de cinquenta mil pessoas, que custa dois mil e quinhentos milhões de dólares, 2,6% do PIB e não recebe comida grátis de lado nenhum.

Comparativamente também: Existiam até agora sete ou oito paises com capacidades nucleares. Estados unidos e Rússia dois bons amigos que gastam respectivamente em "defesa" 518 mil milhões (!!)e 200 mil milhões de dólares, França e Reino Unido que apesar de serem aliados todo o século passado não podem deixar que o vizinho tenha armas nucleares sem que eles tenham também (45 e 42 mil milhões), Índia e Paquistão que fraternalmente gastam 19*10^9 $ e 4*10^9 $. Sobra a china que não tem par, apesar de fazer fronteira com 3 outras potências nucleares, mas gasta 81 milhares de milhões de dólares por ano. Israel não sabe porque è que está nesta lista, visto que nega possuir armas nucleares.

Ok, o que impede a comunidade internacional de acabar com as pretensões nucleares da Coreia do Norte?
Bastava à china e Coreia do sul acabar coma ajuda alimentar e económica para efectivamente arrasar a Coreia do Norte. O problema è "O que fazer depois?" nem a liderança da China nem do Japão nem a da Coreia do sul sofrem do deficit de inteligência da administração Bush. Sabem que apesar de ser fácil destruir o regime Norte-Coreano quer militarmente quer através de simples boicotes às ajudas, vinte milhões de pessoas famintas, das quais um milhão são militares, podem causar muitos problemas. Qualquer instabilidade na península coreana traria mais prejuízo que aquilo que aquelas três potências económicas estão preparadas para pagar. E certamente muitissimo mais do que o custo de um reles milhão de toneladas de arroz. Enquanto a equação se mantiver assim o regime de Piongyang pode continuar à vontade.

Qual è a graça de ser um ditador oriental se não se pode andar na corda bamba?